sábado, 16 de julho de 2016

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Boicotaram as mulheres de buço

Ontem, 14 de julho de 2016 aconteceu na UFRJ  o festival Educação sem Temer, um evento com uma proposta incrível de ocupar o campus da Praia Vermelha com debates, oficinas, shows...
Quando vi o evento no Facebook uma atração saltou meus olhos: BRAZA - Vc vai se perguntar agora o que seria isso, então vou fazer um parênteses pra explicar:
- Eles eram integrantes do Forfun, uma banda de meninos lindos que começou no início dos anos 2000 que mexia muito com a minha libido adolescente; as músicas, as letras, eles no palco (...) tudo fazia muito sentido pra mim! Fui há muitos shows, já tietei em camarim, já tive sonhos inesquecíveis c eles... ('Cês tão entendendo como eu gostava?). Eu que não ouvia nada deles desde 2014 pensei que seria ótimo revê-los agora com outro nome e aparentemente em outro formato.
Quando li o nome da banda comentei c uma amiga sobre o evento e a presença deles, até duvidamos que seriam eles tocando; um dia depois eles informam na página deles q estariam presente no festival.
A partir de então foi um rebuliço no evento, todos (inclusive eu) queriam saber que horas eles iam tocar, os organizadores tentavam a todo momento  mostrar que o evento inteiro era importante, mas o que ficou claro é que eles seriam a atração principal e foram. Fizeram um bom show, mas nada deles fazia mais sentido pra mim - enquanto fã. Dois momentos que foram, pra mim, o ponto alto foi o som que eles fizeram enquanto apresentavam os músicos, inegavelmente eles cresceram muito nesse ponto e ousaria dizer que deveriam se arriscar mais no instrumental, c/ menos voz, s/ letra... Outro momento bonito de se ver foi a roda punk que uns meninos fizeram: parecia um ritual de adoração ao sagrado masculino. Achei lindo!
Depois deles, pra fechar a noite, foi anunciado que as "MULHERES DE BUÇO" iam entrar, eu que tava na dúvida se ficava ou não resolvi continuar quando umas minas começaram a gemer e falar umas putaria no microfone, chamando a galera de volta... Não resisti e fiquei!
Enquanto elas organizavam os instrumentos e microfones eu fiquei hipnotizada: umas mulheres lindas de maiô estampado, meia calça colorida, purpurina e maquiagem bafonica já mostravam que não estavam ali pra brincadeira, eu não tenho dúvidas que o show/performance delas já tinha começado!
Tudo pronto - na medida do possível - e elas começaram a (en)cantar com as letras provocadoras,  c/ as dancinhas sensuais, c/ seus corpos presentes...
Pra resumir elas são um grupo de mulheres (maravilhosas, encantadoras, lindas, criativas, artistas, maconheiras, feministas, brancas, pretas, gordas, magras... ou seja, me represntam!) que fazem um teatro-funk dizendo c arte que  o lugar da mulher é onde ela quiser, que o corpo é dela e que ela tem todo direito sobre ele; e elas fazem isso de uma forma tão ducaralho, ou melhor DABUCETA, que até esquerdomacho dança.
Pois bem, apesar de serem tão maravilhosas elas foram boicotadas, na terceira ou quarta música os seguranças da UFRJ subiram no palco pra acabar c o show, eles foram prontamente vaiados. Não sei se vi direito, mas tive a impressão do segurança ter tirado a baqueta da mão da baterista.
Enfim... elas resistiram enquanto puderam, cantaram suas músicas sem microfone e a galera ia junto, pq tava todo mundo indignado com a situação, eles apagaram as luzes do palco e elas continuaram e a gente tb, até que o "reforço" chegou e ao que me parece elas foram terminar a noite na delegacia.
Quando elas desceram do palco não me contive e fui falar com uma das cantoras,  dei um abraço nela e enquanto mulher e artista só pude dizer um sincero "muito obrigada" e ela me respondeu c lágrimas nos olhos "ESTAMOS JUNTAS", tb chorei e a abracei de novo!
Parece que o problema era o som aquela hora da noite, se não me engano por volta de uma e pouca da manhã. Então me questionei pq não interromperam o show dos meninos do BRAZA? Pq não reduziram o show deles? Pq não tiraram eles do palco? Não tenho dúvidas de que o problema não foi só a hora não.
Manas essa reação ao trabalho de vocês era de se esperar! Vcs são a vanguarda, tão além do que chamam de pós-moderno, vcs retomam os ritos sagrados da deusa, bebem do vinho de Dionísio e tem lugar reservado na fogueira da eterna inquisição, mas isso só mostra que vocês estão indo pelo caminho certo! Nosso (sim! Nosso pq me sinto uma de vcs) movimento é pra q nenhuma bruxa seja novamente queimada, que nenhuma mulher seja mais espancada, abusada, violentada e/ou estrupada pra que as trans se sintam representadas, pra que as raxa/sapa não sejam apontadas, nem as "afeminadas" sejam discriminada e também pros macho refletirem sobre suas atitudes tão dadas e portanto não problematizadas.
Ninguém vai nos calar, podem desligar o microfone que juntas, numa só voz, vamos ensurdecer a família tradicional brasileira, o conservadorismo religioso, os machistas e facistas reacionários tão bem representados por Cunhas e Bolsonaros.

Eu amo vocês! ♡

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Eu tenho experimentado muito fortemente o lugar de mulher negra no Rio de Janeiro, principalmente quando frequento rodas que não tem negrxs, mas se tem a gente é tolerado por uma gente jovem, universitária que frequenta lugares cults/bacaninhas, a dita esquerda festiva que aprendeu no curso de sociologia, história, filosofia, psicologia (...) tudo sobre o processo sócio-politico-histórico dos negrxs, mas não aprendeu nada sobre empatia, a "galerinha legal" que não me aceita, mas me tolera só pra não ser chamado de racista.
Enquanto mulher negra (queria colocar o negra na frente, mas ñ sei pq fica estranho), a princípio hetero, vivo umas experiências que são muito escrotas.
Uma vivência racista diferente daquela que a gente conhece (e pratica diariamente) que vai desde o atravessar pra outra calçada porque o cara (negro) é estranho até o genocídio de negrxs da periferia.
Não estou querendo dizer aqui quem sofre mais racismo - até porque isso não é uma disputa e se fosse eu perdeira fácil - só to dizendo que ele é diferente justamente porque quem é racista comigo, é porque me tolera nos ambientes cult/bacaninhas, de artistas e intelectuais da cidade maravilhosa.
Isso fere muito a auto-estima de uma mulher negra! Ainda mais quando a mulher tá se descobrindo negra como eu to!
Sabe o carinha lindo que ficou olhando enquanto eu tava sambando - a preta sambando (!) - e eu achei que ia rolar alguma coisa? Não rolou! Nenhuma das vezes que a gente se encontrou! Sabe por quê? Porque quando acaba o samba meu corpo, que antes era objeto de desejo (não to falando aqui de ser objetificada - mas de ser interessante pra alguém), agora é o corpo que ele tolera ali do lado dele, que ele rejeita enquanto tá lá beijando a mina branca que fala gratidão e tem o corpo padrão.
Aí o carinha aparentemente legal que aparentemente se interessou por mim, me traz de novo a sensação daquele menino que escroto que eu odiava no colégio pq falava mal do meu cabelo... cor... nariz... de mim...
E tem umas minas também que PQP! Manas meu cabelo não é adereço de carnaval, as vezes eu sinto como se estivesse com uma alegoria na cabeça, parem de falar que ele é lindo seguido de "mas ainda bem que o meu é liso" ou "o bom é que está na moda"! Também parem de achar que eu "tenho sorte porque sou preta e estão vindo vários gringos"...
O mais bizarro é que eu falo enquanto mulher negra, mas que sempre teve privilégios da classe média, que sempre estudou em colégios particulares, que está na segunda graduação pública, que não teve grandes problemas pra arranjar o primeiro emprego, que não tem a pele escura - SIM! ISSO, INFELIZMENTE, AINDA FAZ DIFERENÇA.
Pode parecer mimimi ou que eu to me vitimizando, mas eu to precisando desabafar sobre essa experiência que já se repetiu muitas vezes, porque a cada dia que passa eu vejo o quanto é difícil ser negrx e se afirmar nesse lugar!
Já que ninguém disse que seria facil eu (me) exponho aqui pra dizer que eu vou continuar resistindo, enegrecendo e dessa vez a branquitude de vocês não vai me afogar, antes disso eu engulo todo mundo!

terça-feira, 12 de abril de 2016

Sobre a linha tênue do amor livre e dos relacionamentos abusivos

Ele faz filosofia, 27 anos, bom papo, meu 'namorado'. Como todo esquerdomacho sempre teve o mimimi libertário: 'ser careta não tá com nada, amor livre é a parada'!
Mesmo contra tudo que eu acreditava, resolvi embarcar afinal ele é TÃO MARAVILHOSO e se ele tá no pacote do amor livre pq não experimentar?
Eu disse 'então tá! Vamos nessa, mas se ficar com alguém me conte'. Sempre achei que amor livre tinha a ver com companheirismo e não há necessidade de fazer nada escondido; eu também tava afim de saber como eu ia realmente me sentir se rolasse algo assim!
O tempo passa e começo a perceber que estou/estava num relacionamento abusivo, onde o egoísmo já falou tão alto que até agressao rolou cmg!
Mas eu perdooei, afinal ele é TÃO MARAVILHOSO... Não conseguimos manter essa relação, demos um tempo e hoje resolvemos conversar...
Dentre tantas coisas descobri que ele nunca disse que tinha namorada (e ele falava tudo com a cara mais lavada) pq isso pode atrapalhar a vida dele na hora de ficar com a Barbara, a Marina, a Cintia e 'teve tb uma menina no segundo dia de aula'.
Mas ele continua me amando e não quer me perder - fofo, né?!
Qnd indaguei pq ele não havia me contado, ele disse que não via necessidade e que eu não estava preparada pra viver um relacionamento aberto! Eu? Eu? Euzinha?
Por falar em necessidade, ele ainda teve a ousadia de dizer que não consegue controlar as dele e 'se sente mal se uma mulher dá mole pra ele e ele não PEGA', afinal ele é homem e talvez quando ele tenha 45 anos ele pense diferente, mas agora ele é muito novo, como se fosse um adolescente! E não parou por aí, fui obrigada a ouvir que a "beleza dele está na moda"!!!
Eu só queria dizer que amor livre não tem nada a ver com pegação, que estar namorando não te priva de viver! E que em nome de uma dita liberdade a gente acaba se fixando em conceitos e não se permite viver as maravilhas da multiplicidade de vida a dois, a três, a mil, mas sempre rodeado de sinceridade!

Meu conselho é: só embarquem nessa se vcs realmente tiverem certeza de que quem está ao seu lado é um parceiro que se preocupa com a relação, que tem carinho por vc e não por seu ego machista, pq isso não é uma maravilha!

Não aguento mais esquerdomacho com discurso libertário;
Que chega manso, fala bonito, convence a gente de que ser careta não tá com nada e que amor livre é a parada;

quinta-feira, 31 de março de 2016

Vc acha que a arte trata de técnicas?
A técnica!!!
Eu não me importo se o Sepultura "grita demais", quem se importa? O técnico se importa.
A arte atua no nível do sensível, do afeto, da troca.
A arte é ciência? O que é ciência?
"Roots" é um álbum PAU DENTRO, vai fundo, te destroça por dentro e te mata!
Morte pra renovação, pra reviver, pra enxergar novos possíveis e se reencontrar com seus antepassados - é tribal, tem essência!
Plana no belo a nuvem mais negra!

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Tem o fato de eu querer dar pro Michel
Tem  o fato de eu ter namorado!
(Relacionamento livre não existe)
Pra mulher não!
Ainda não!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Mais uma vez sinto que o fim está próximo;
Mais uma vez eu me sinto acuada, perdida, fraca;
Mais uma vez a dúvida corre pelo meu sangue e pulsa...
E pula... pra fora de mim...
E toma conta do meu pensamento, dos meus atos...
de todo tempo-espaço;
E me fode (até quando não me fode!l) Fujo? Corro? Sumo? Fico? Esqueço? Me deixo?
.
.
.
O caminho se faz no caminhar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Por tudo!
Pelo primeiro olhar, pelo domingo de carnaval!
Por eu ser sua amigona e vc ser meu parceiro!
Pelas conversas, pelas trocas, pelas noites sem dormir!
Pela realidade, pela fantasia, pelo racional que grita e pelo emocional que chora!
Pelo sorriso sereno, pela sinceridade cruel!
Pelas escolhas, pelos caminhos tortos e desconstruções!
Pela teoria que faz sentido, pela prática que faz sentir!
Pelo jeito, pelo cheiro, pela pele e por todo desejo!
Por tudo isso e muito mais eu cheguei e fiquei, eu cresci e escolhi ficar junto de ti.

Podia ser do jeito que não é!
Podia não doer, mas a dor é inevitável... E o sofrimento? É uma escolha?
Vc diz que é só amor - da cabeça aos pés - eu acredito, eu sinto!
Mas...  to anestesiada e nem sei mais o que eu quero!
Fraca! Boba! Careta! Menor!
Eu poderia ser diferente, mas eu sou só eu!